19 de março de 2005

DO OITI AO ÁS DE COPAS

Numa briga de dois cegos
Cantadores numa de feira
Um resolveu desafiar o outro
Quem sabia mais leseira
Que do oiti ao ás de copas
Tudo passa pela beira.

Dizia o primeiro cego:
Eu sei muito mais que tu
Digo se me enrolar
Dez sinônimo de cu:
Começo com arruela, tareco e apitador
Bocal, boca-de-gamela, fortunato e soprador
Termino com véio foba, espalha-bosta e bufador

Isso tudo num é nada
Dizia o outro cantador
Eu digo numa só letra
O que em mais de sete tu precisou:
Caneco, cagante, cocada,
Chucrute, crespinho e coco
Cuziti, cofrinho, cavaco
Carimbo de cueca e cagador

De oiti eu vi que intende
Quero ver se tu é mesmo doutor
Falando nas prega alheia
Eu falo da cardoso e da senador.
Não me esqueço da diagonal
Lateral-direita e do bifurcador

Esquecesse da Dorotéia
Aquele de nome Werneck meu sinhô
Desconfio que com tanto conhecimento
De morróia tu já sentisse dor

Num vem que num tem não!
Morróia no meu roscofe num tem não sinhô
Tô sabendo que tu tem uma bicicleta
Que tanto ficar parada enferrujou
Que pimenta na tua casa
Passou longe, nem entrou

E eu sei que tu faz três dias que num senta
Só dorme de banda, e ainda sente dor
E vamo deixa de leseira
Que estas estoria num é pra cantador
Cada um fique com seu oiti
Feio, acabado mais bufador
Furado, fedido mais servidor

E se conversássemos duas horas
Num domingo ou quarta-feira
Veríamos que nessa horas
Do oiti ao ás de copas
Tudo passa pela beira

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